WILLIAM DA ROCHA
ANTOLOGIA. 2º. Concurso de Poesia 1992. Brasília:
Sindicato dos Escritores no Distrito Federal – SEDF, Cultura
Gráfica e Editora, 1992. Apresentação: Menezes y Morais.
106 p. 15 x 21,5 cm. No. 10 322
Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda
UBIQUO
Ânsia de agarrar estrelas. Exulto na cosmovisão de tê-las.
Hesito. Ergo me no chão logo choro. Deploro a antevisão de
perdê-las.
Do escafandro de carne, mergulho na direção do fulvo sol.
O cibernético braço, no negro céu deixo meu rastro. Meu
traço, trajetória e estória escrevo.
Descrevo a noite da ignorância, esgarço e rasgo, da verda
de, o espesso favo e o sextavado véu. Escorre liberto da
luz, o mel.
Ergo-me na porta dos enraizados pés, das mãos, dedos tenazes,
puras garras, de loucuras capazes, se embriagam todo
dez.
Ânsia a custo contida, arremetida. Olhava... enxergava... mas
de ver, não via: o sonho, estrela guia, fantasia que se
desfazia em cores, impregnando amores, lágrimas, risos, rezas
e dores nos quatro cantos do infinito.
Enxerga... Ansiava... mas de ver, não via o celeste rito.
Ritual zodiacal iluminado. Leste-oeste-leste... Em cima, em
baixo, ao exterior o circunstancial espaço.
Desequilibrado no tempo conjunção; no espaço injunção; no
indeterminado destino. Caio tendo a terra preso o conduzindo
e seduzindo passo.
Ter adulto, ser menino, parecer sábio sendo estulto,
ignorante do céu interior, do substancial divino.
Passo e repasso do poço ao regaço, da vida à lida a ânsia
incontida. Tento agarrar estrelas perdido no endereço, já
não sei se cresço.
Iludido e vencido na ilusão de tê-la. Busco enxergar...
lá fora... e está em toda parte, na razão, emoção, comoção,
Nem começo, nem princípio, nem fim.
Cansados de sonhos e saudade,
retorno adormecido à realidade.
Miríades de estrelas, eternidade brilhando em mim.
*
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Página publicada em novembro de 2025
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